Ao contrário do que muitos imaginam, a circulação do vírus H1N1 este ano não é atípica e os óbitos estão abaixo dos registros anteriores, conforme declarou o médico infectologista Hugo Noal, de Chapecó, em entrevista nesta semana.

O especialista explicou que a incidência de casos nesta época, apesar de a estação fria ser mais propensa para tais manifestações, está dentro da normalidade. “As doenças migram bastante e não estão mais respeitando um calendário. Estão ocorrendo o ano todo”.

O médico informou que a detecção de casos mesmo antes do Inverno chegar era esperada. “A explicação mais real é justamente pela migração de pessoas pelo mundo. A população viaja facilmente de um país para outro e com elas também vão os vírus”.

Com relação aos óbitos registrados pela doença, Noal garante que estes estão abaixo dos índices notificados em anos anteriores. “No Inverno sempre morreu muito mais gente de gripe do que agora. O que acontecia é que anteriormente não havia investigação, então a gente não considera que houve mortalidade aumentada e sim dentro do esperado”. Acrescenta que “proporcionalmente, o que ocorre agora é que o indivíduo com doença respiratória primeiro tem suspeita de gripe, então faz-se o exame e se confirma ou não. Antes não se descobria porque não era pesquisado”. No entanto, números atuais revelam que o quadro é grave, pois no primeiro trimestre já morreram mais pessoas de Gripe A do que todo ano passado.

Sobre a antecipação da vacinação, considera a medida oportuna. Reafirma que a etiqueta da tosse, com os cuidados básicos para a prevenção, não perdeu importância e deve ser praticada em todas as estações e situações. “Lavar bem as mãos, não compartilhar ambiente com pessoas doentes, espirrar com lenço sobre a boca e estar atento aos sinais precoces de gripe para que, se necessário, a pessoa tenha acesso ao Tamiflu, que é o medicamento de primeira escolha”.

O infectologista esclarece ainda que os portadores de doenças crônicas são mais propensos a ter complicações. “Isso sim aumenta muito o risco. Fumantes, diabéticos, hipertensos, grupos mais vulneráveis correm maior risco de contrair os vírus e enfrentar graves consequências. A cada ano cresce, porque a população vai envelhecendo e, consequentemente, essas doenças crônicas aumentam, o que facilita as complicações e mortalidade da pessoa com gripe”.

Alerta:

Hugo Noal chama a atenção da sociedade para que busque o tratamento. Segundo ele, os sintomas da gripe comum não diferem dos da gripe A.“Febre alta, dor de garganta, de cabeça, mal-estar, espirros, é gripe. Não importa qual é tipo viral. Tem que procurar atendimento médico. Só há um caminho: as pessoas conhecerem as doenças, se protegerem e, se houver sinais, procurar imediatamente auxílio profissional”.

Três tipos de vírus

Segundo o Ministério da Saúde, a vacina protege contra três subtipos do vírus da gripe (A/H1N1; A/H3N2 e influenza B). A criação de anticorpos contra a doença ocorre entre duas e três semanas após a aplicação da dose e por isso a campanha de vacinação é marcada para antes do inverno, quando acontece a maior circulação da gripe. O Ministério afirma ainda que estudos apontam que a vacinação pode reduzir entre 32% a 45% o número de hospitalizações por pneumonias e de 39% a 75% a mortalidade por complicações da influenza.

Fonte: FS