Os ideais republicanos viram luta trabalhista, que também pode se transformar em causa social-democrata ou defesa dos valores cristãos. É assim, mudando de ideologia como se muda uma peça de roupa, que políticos de Santa Catarina fizeram um grande troca-troca de legendas desde a última eleição municipal, em 2012.

De lá para cá, um terço dos 135 vereadores das câmaras das sete cidades-polo do Estado – Blumenau, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Joinville e Lages – mudou de sigla e deve disputar o pleito de outubro em um partido diferente do que estava há quatro anos. Mudanças recentes nas regras da fidelização partidária, com a promulgação da Emenda Constitucional 91 pelo Congresso Nacional, ajudam a explicar a dança das cadeiras. Mas o professor em ciência política da Univali Fernando Fernandez alerta para a falta de identidade dos partidos e dos candidatos:

— Os políticos aproveitam as brechas que a lei dá para buscar acomodação onde há mais condições eletivas. Isso mostra que as siglas não têm uma ideologia. Hoje você defende um partido de esquerda e amanhã muda para um que defende o agronegócio.

Apesar de recentes escândalos de corrupção que resultaram na prisão de parlamentares, Fernandez descarta relação com as trocas:

— Casos de corrupção dificilmente são usados para troca partidária. O que houve foi uma acomodação natural de interesses.O PSD foi o partido que mais perdeu políticos na soma das Câmaras: foram 10 cadeiras a menos. O próprio PSD e o PR ganharam sete novos vereadores, cada um.

A pesquisa

As trocas partidárias para disputa nas eleições municipais de outubro foram permitidas até 2 de abril. No último dia 20, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizou o banco de dados de filiações partidárias. O DC utilizou esses dados do TSE e informações de portais de câmaras e prefeituras para fazer o levantamento de mudanças no mapa partidário do Estado.

Fonte: ClickRBS