Ilustração da estrela Trappist 1 a partir da perspectiva de um dos planetas descobertos

Perto da Terra, mundos são as ‘melhores apostas’ para encontrar vida extra-terrestre.

 

Um time de astrônomos identificou três planetas potencialmente habitáveis orbitando uma estrela anã “muito fria”, fora do nosso sistema solar. De acordo com os cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), nos EUA, e da Universidade de Liège, na Bélgica, os tamanhos e as temperaturas nesses mundos são parecidos com os da Terra. São, portanto, as “melhores apostas” para se encontrar condições para a ocorrência de vida extra-terrestre, dizem os estudiosos por trás da descoberta.

Os três mundos estão a 40 anos-luz da Terra. Segundo as análises, todos eles têm hemisférios com dias e noites permanentes. Os dois planetas mais próximos à estrela são, em grande parte, inóspitos para a vida como conhecemos, com noites muito frias e dias muito quentes. Mas cada um tem sua porção habitável, que recebe luz do dia, com temperaturas amenas.

Já o terceiro planeta descoberto, mais longe da sua estrela que os outros dois, pode ser completamente habitável, dizem os pesquisadores envolvidos no estudo, que deve seguir investigando detalhes sobre a atmosfera desses mundos. Os cientistas querem saber também se existe água na superfície dos corpos espaciais encontrados.

A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira pela revista científica “Nature”. Os astrônomos identificaram os três objetos graças ao telescópio Trappist, no Chile, construído para analisar os entornos de estrelas frias, invisíveis aos equipamentos óticos, dedicados a encontrar sistemas centrados em estrelas maiores e mais brilhantes, como o nosso Sol.

Ilustração dos planetas descobertos – Divulgação/ESO

Criado pela Universidade de Liège, o Trappist monitora comprimentos de onda infravermelhos para encontrar planetas ao redor dessas pequenas estrelas “geladas”. A estrela anã 2MASS J23062928-0502285, chamada de Trappist-1, é oito vezes menor que o nosso Sol, além de bem menos quente. Desde setembro de 2015, os cientistas perceberam que o seu sinal infravermelho desaparece em intervalos regulares, sugerindo que diferentes objetos passam a sua frente.

Observações posteriores deixaram claro que esses objetos interrompendo o sinal são, de fato, planetas, com tamanhos parecidos com o da Terra. Dois deles orbitam a estrela num período equivalenete a 1,5 a 2,4 dias. Eles recebem, respectivamente, quatro e duas vezes a quantidade de radiação enviada do Sol para a Terra. O terceiro leva de quatro a 73 dias para orbitar a estrela, e pode receber menos radiação que o Planeta Azul.

Levando em conta o seu tamanho e a proximidade da sua estrela “ultrafria”, os cientistas acham que os três planetas podem ter regiões com temperaturas bem abaixo dos 400 kelvins (126 graus Celsius), de movo que pode ser um ambiente onde água e vida são possíveis. Como está a “apenas” 40 anos-luz da Terra, essas dúvidas poderão ser sanadas em breve, de acordo com os autores da descoberta.

“Esses planetas estão tão próximos, e a sua estrela é tão pequena, que podemos estudar suas atmosferas e composições. Mais adiante, ainda na nossa geração, poderemos verificar se há vida nesses mundos”, afirma o cientista Julien de Wit, um dos responsáveis pela pesquisa.

Fonte: Globo Ciência