Santa Catarina ficou abaixo da média brasileira no índice que avaliou o desempenho das escolas públicas e privadas no Exame Nacional do Ensino Médio 2015. O índice Enem por Escolas 2015 foi divulgado nesta terça-feira pelo Ministério da Educação.

Enquanto no Brasil a nota média da prova objetiva foi de 515,82 pontos e 563,08 na redação, em Santa Catarina, a média das 624 instituições analisadas (públicas e privadas) foi de 514,77 na prova de questões objetivas e 553,60 na redação.

Em 2014 (veja no gráfico abaixo), o Estado ainda apresentava uma performance acima da média nacional, embora fosse por pouca diferença, na prova objetiva. Na redação, no entanto, a média catarinense era de 513,15, enquanto a nacional chegava a 515,40.

No índice mais recente, as escolas de SC apresentaram melhora de 40,45 pontos na redação em relação a 2014. Mas ainda assim não acompanhou o movimento que ocorreu no país, com aumento de 47,68.

Para a presidente do  Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Maria Inês Fini, isso se deve, primeiro, à identificação dos jovens com o tema da redação do ano passado: a violência contra a mulher.

— Além disso, o envolvimento dos professores na correção das redações tem um impacto na própria atuação docente. Está tudo interligado – justificou.

Desafio nas escolas da rede estadual

Entre as escolas estaduais, o índice é ainda mais preocupante. Somente 60% das 671 escolas da rede estadual foram avaliadas, mas a média geral no Enem 2015 entre elas é de 491,86 pontos nas provas objetivas e 525,86 na redação. Nos dois índices, fica abaixo da média de todas as escolas de Santa Catarina (privadas, municipais, estaduais e federais), que é de 514,77 nas provas objetivas e 553,60 na redação.

O secretário de Educação de Santa Catarina, Eduardo Deschamps, afirma que ainda não conseguiu analisar os dados divulgados nesta terça-feira e defende que a partir deles não é possível chegar a conclusões significativas:

– Enem não é uma prova de avaliação de rede, é uma prova de avaliação do aluno. A análise do resultado do Enem é muito pouco conclusiva em relação à qualidade da educação que você tem. Primeiro porque o Enem não é obrigatório para todos, então não tem amostragem adequada. Principalmente em Santa Catarina, onde normalmente o percentual de participação dos alunos é mais baixo do que nos outros Estados.

Para ele, essa participação menor se deve ao sistema universitário catarinense, que não usa tanto o Enem como exame de acesso. Questionado sobre a média estadual abaixo da nacional, ele afirma que ainda é cedo para apontar fatores, mas acredita que a baixa atratividade do exame para os jovens catarinenses pode impactar nos resultados, assim como a progressão automática, que agora impacta em indicadores do ensino médio.

Média das provas do Enem por área do conhecimento.

As provas do Enem são compostas por uma redação (que vale de 0 a 1000 pontos) e cinco provas com questões objetivas das seguintes áreas do conhecimento: linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; e ciências da natureza e suas tecnologias

Pela primeira vez, o Enem por Escolas avaliou, além das notas dos estudantes, dados como o porte da escola (com escalas de 1 a 30 alunos até acima de 90), indicador de permanência dos alunos na instituição (o percentual da vida escolar em determinada instituição), o nível socioeconômico das famílias (de muito baixo a muito alto) e a formação dos estudantes.

Novo formato dos dados permite análises específicas

O cruzamento dos dados deve dar origem a indicadores que ajudem a redirecionar as ações públicas. É o que acredita o diretor de Políticas e Planejamento Educacional da Secretaria Estadual da Educação, Osmar Matiola:

– Isso é o interessante desse formato do Enem por Escolas. Ele permite olharmos para uma escola que está indo bem ou mal e identificar qual é o nível socioeconômico e o nível da formação do professor, por exemplo. São dados importantes para a gente entender a causa do desempenho e poder intervir no contexto das escolas.

Em Santa Catarina, as escolas públicas mais bem avaliadas, por exemplo, tinham predominância de alunos com nível socioeconômico alto. Das 100 escolas públicas mais bem colocadas, 96 tinham índices de médio alto a muito alto e apenas quatro eram de famílias com renda média.

Matiola também justifica como fator de influência nos resultados é o fato de que os alunos avaliados são ainda remanescentes do ensino fundamental de oito séries. Os estudantes do atual sistema de nove anos – que no último Ideb melhoraram em 20 pontos a proficiência em língua portuguesa e matemática no nono ano – serão avaliados pelo Enem apenas em 2018.

Para melhorar os índices, a Secretaria de Estado da Educação vai retomar a partir do ano que vem o Programa Estadual Novas Oportunidades de Aprendizagem (Penoa), focado na formação de professores e reforço escolar. Segundo Matiola, o Estado vai buscar também parcerias para ampliação das turmas de educação integral, medida que integra a proposta de restruturação do ensino médio, amparada pela medida provisória do governo federal.

Fonte: Diário Catarinense