Amostra retirada da superfície de asas de galinha congeladas produzidas em SC deu positivo para o vírus, informaram autoridades da cidade de Shenzen

Em comunicado emitido nesta quinta-feira, a cidade de Shenzen, na China, divulgou que encontrou amostra do coronavírus na superfície de asas de frango. De acordo com a agência de notícias Bloomberg, a carne é originária de Santa Catarina. Esta coluna checou a informação divulgada pelo portal de que a responsável pelo produto é a Cooperativa Aurora Alimentos. De acordo com informações do comunicado chinês, o número do SIF (Serviço de Inspeção Federal) encontrado na embalagem é o SIF 601. Com base nisso, buscamos os detalhes no site da cooperativa, onde é possível confirmar que a identificação remete a uma unidade da cooperativa em Xaxim, que faz importação de frango. A empresa busca mais detalhes e se manifestará por nota até o meio-dia.

O texto da prefeitura de Shenzen diz que a coleta foi feita na terça-feira (11), durante uma inspeção em alimentos importados da cadeia de frios. No quarta-feira, diante da confirmação da presença do vírus, “todos os produtos de estoque relevantes na cidade foram lacrados e realizados”.

Diante do teste positivo na carne, as autoridades chinesas recomendaram cuidado aos moradores locais na compra de alimentos congelados importados. Segundo a Bloomberg, a amostra parece ter sido retirada da superfície do próprio frango. Em outros casos registrados anteriormente, o teste positivo foi detectado a partir das embalagens de frutos do mar congelados importantes.

As pessoas que possivelmente entraram em contato com o produto e testes de produtos relacionados deram negativo, de acordo com o comunicado chinês. Mesmo assim, o texto recomenda o cuidado aos moradores.

A coluna procurou a assessoria de imprensa da Aurora Alimentos e aguarda um posicionamento.

Reação do setor

Em nota, nesta quinta-feira, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) diz que está analisando as informações “de possível detecção de traços de vírus em embalagem de produtem de origem brasileira”. Segundo a entidade, ainda não está claro em que momento houve a eventual contaminação, e se ocorreu durante a exportação.

“A ABPA reitera que não há evidências científicas de que a carne seja transmissora do vírus, conforme ressaltam a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)”, afirma o comunicado.

Além disso, a associação garante que todas as medidas para proteção dos trabalhadores e a garantia da inocuidade dos produtos foram adotadas e aprimoradas ao longo dos últimos meses, desde o início da pandemia global.

Parte do comunicado chines em tradução livre em português:

”Amostras [coletadas] na superfície de asas de frango congeladas (número de registro: SIF601; número do lote: 7720051522) deram positivo para o novo coronavírus. O Escritório de Prevenção e Controle de Epidemias de Shenzhen organizou imediatamente testes em pessoas que podem ser sido expostas aos produtos relacionados. Os resultados foram todos negativos.”

Camarão do Equador contaminado

O coronavírus também foi encontrado numa amostra de embalagem de camarão congelado do Equador em Xian, capital da província de Shaanxi, no noroeste da China. Na província de Anhui (Leste), a prefeitura da cidade de Wuhu anunciou que detectou a presença do coronavírus em embalagens de camarões também procedentes do Equador. Os pacotes estavam sendo conservados no congelador de um restaurante da cidade.

No dia 10 de julho, a Administração da Alfândega da China fez testes com mostras de um contêiner e com pacotes de camarões brancos do Pacífico que apresentaram resultados positivos para o novo coronavírus. As avaliações aconteceram nos portos de Dalian (nordeste) e Xiamen (leste).

Suspensão

No final de junho, a China suspendeu importações de três processadores brasileiros de carne, informou o Ministério da Agricultura, citando preocupações de Pequim em conter um novo surto da epidemia de Covid-19.

Em nota, na época, a pasta disse que o órgão chinês responsável pela área, a Administração Geral de Alfândega da China (GACC, na sigla em inglês) “solicitou recentemente informações sobre alguns estabelecimentos brasileiros que exportam para a China e que tiveram notícias divulgadas na imprensa do Brasil sobre casos da Covid-19 entre seus trabalhadores”.

No início de julho, testes em massa revelaram um surto de infecções por coronavírus em fábricas operadas pelas processadoras de alimentos JBS e BRF no Centro-Oeste do país, com 1.075 empregados de uma fábrica de suínos da JBS testando positivo para Covid-19.

Outros 85 trabalhadores também testaram positivo em frigorífico de aves da BRF na cidade, onde a empresa emprega cerca de 1.500 pessoas. Dias depois, a China suspendeu temporariamente as importações de uma fábrica da BRF em Lajeado e de uma da JBS em Três Passos, ambas no Estado do Rio Grande do Sul, segundo publicação no site da GACC.

O chefe de microbiologia do laboratório do Centro Nacional de Avaliação de Segurança Alimentar da China, Li Fengqin, disse a jornalistas em junho que a possibilidade de alimentos congelados causarem novas infecções não poderia ser descartada.

Maior comprador

A China é o maior comprador de carne suína e bovina do Brasil. O país asiático solicitou que os exportadores de carne certifiquem-se globalmente de que seus produtos estão livres de coronavírus.

O Brasil, maior produtor mundial de carne de frango, era até 2017 o principal fornecedor de frango congelado para a China, por um valor que se aproximava de US$ 1 bilhão por ano e um volume que representava quase 85% das importações do gigante asiático.

Mas nos últimos anos o país perdeu parte do mercado para Tailândia, Argentina e Chile, de acordo com a consultoria especializada Zhiyan.

No caso do Equador, dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o país sul-americano produziu em 2018 quase 500 mil toneladas de camarões e 98 mil oram exportadas para China, um mercado em plena expansão.

Fontes: NSCTotal, O Globo