Foto: Belos Montes

A noite de quarta-feira, 6 de agosto, foi marcada por uma intensa discussão, conhecimento, questionamentos, alguns sanados, outros que ficaram em dúvida, mas com uma certeza: a segurança e a tranquilidade da população de Arvoredo com relação ao funcionamento das Pequenas Centrais Hidrelétricas, PCHs, precisa estar em pauta, um estudo que deve ser continuado para que o episódio do dia 27 de junho quando parte da cidade precisou ser evacuada pela possibilidade de inundação, em função do rompimento de uma barragem particular em Ponte Serrada, não volte a ocorrer.

Na linha de frente do debate, mediado pelo comunicador Décio Pandolfi, esteve o Superintendente de Operação e Manutenção da empresa CPFL que administra as três PCHs instaladas em Arvoredo, Luis Carlos Silveira. Por cerca de 20 minutos, Silveira falou da empresa, que tem 35 PCHs instaladas no país, sendo destas cinco em Santa Catarina com três em Arvoredo, no estado de São Paulo, algumas instaladas a mais de 50 anos. O profissional explicou o como é a estrutura das PCHs, revelando que o comando de todas, é feito pela central em Jundiaí, no estado de São Paulo, mas que em cada unidade existem técnicos que atuam diariamente. “O monitoramento é feito a distância, dependendo da água que entra no reservatório é possível acionar o comando para que a usina “engula” mais água”.

O superintendente destacou ainda que as obras atendem todas as exigências feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica, Aneel, que fiscaliza e orienta cada uma das unidades. Ele explicou que as PCHs não tem comportas, como as grandes usinas, mas existe um vertedouro na própria estrutura, “com um volume maior de água, esta extravasa por cima desta parte mais baixa, chamada soleira vertente, dando maior vazão e esta água cai na estrutura feita em forma de degraus de escada para que a força da água seja amortizada não causando erosão ou impacto maior no solo”. Silveira explica que a PCH Arvoredo, existe 155 metros de soleira vertente, lembrando que no dia da 27 de junho, quando o volume chegou no pico máximo, próximo das 11 horas da noite, a vazão chegou a pouco mais de 2,4 metros acima da soleira. O Engenheiro Hídrico da empresa, Vitor Pereira Brito, lembrou que no dia 30 de abril quando choveu torrencialmente durante um dia, o volume chegou ao mesmo nível, “por isso estávamos tranquilos e não emitimos nenhum alerta para a comunidade”. Os profissionais relataram ainda que existe uma equipe técnica que acompanha constantemente, faz medição e monitora diariamente o volume das chuvas.

Questionamentos

O Promotor da Comarca de Seara, Michel Eduardo Stechinski, questionou se há um plano de ação para assegurar a população para eventos extremos, como o rompimento da barragem. Silveira destacou que sim e o plano foi entregue para a administração municipal sendo do conhecimento da Defesa Civil. “O projeto foi elaborado para no caso de uma vazão com volumes de água que tem possibilidade de ocorrer uma vez a cada 10 mil anos, com quatro metros acima da soleira vertente”. O plano está baseado em um estudo realizado em toda a bacia do Rio Irani, com acompanhamento desde a década de 50.

O empresário Evandro Carlos Mocelim levantou a possibilidade do plano ser discutido e levado ao conhecimento de toda a população para que esta saiba agir e se precaver sem alarde ou pânico como ocorreu no dia do evento, evitando transtornos e prejuízos desnecessários. Silveira concordou que o assunto precisa ser debatido e esclarecido com a população bem como outros profissionais da empresa para oferecer maior segurança a comunidade, mas adiantou também que é necessário conhecer e ter os dados técnicos das outras represas que ficam acima das três instaladas em Arvoredo, das quais não se tem nenhum conhecimento de funcionamento das empresas responsáveis, estrutura e segurança, ameaçando as demais.

Por fim, a prefeita Janete Bianchin lembrou da angústia vivida naquele dia e acredita que o tema precisa ser estudado e debatido permanentemente, com a presença de técnicos que expliquem e façam experiências com o plano de contingência para que a população se sinta mais segura.

Estiveram participando ainda da Audiência Pública, além da população local, o Tenente Alan do Corpo de Bombeiros Militares de Xanxerê que esteve em Arvoredo na noite e madrugada do evento, o Soldado Peri da Defesa Civil Regional, Soldado Michels dos Corpo de Bombeiros de Xaxim, além de empresários e estudantes de Arvoredo.

Fonte: Belos Montes