O ministro da Agricultura da Rússia, Nikolai Fyodorov, disse nesta quinta-feira (7) que o país vai compensar a proibição de importação de alimentos e produtos agrícolas da União Europeia e dos Estados Unidos com um maior fornecimento de carne do Brasil e queijo da Nova Zelândia.

A Rússia também está discutindo a proibição de importação com Cazaquistão e Belarus, disse o ministro em entrevista coletiva.

O governo russo anunciou nesta quinta que vai proibir a importação de frutas, vegetais, carnes, peixes e laticínios dos Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá e Noruega.

Mais cedo, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Seneri Paludo, dissera que a situação pode representar uma “revolução” para a indústria brasileira, comparável à que a China provocou nas exportações de soja do Brasil na última década.

Nesta quarta (7), os russos anunciaram a suspensão da importação de matérias-primas de países que decidiram sancioná-la por causa do conflito no leste da Ucrânia. Adotada para “proteger os interesses nacionais”, a medida vale por um ano.

Também ontem, o serviço sanitário russo ampliou de 30 para 90, aproximadamente, o número de frigoríficos brasileiros autorizados a exportar carne bovina, suína e de frango ao país. Isso mostra a intenção do governo de substituir as importações dos países com os quais está em crise pelas brasileiras.

Segundo reportagem da Folha desta quinta, a maior oportunidade para o Brasil está na carne de frango. O país poderia aumentar as suas exportações das atuais 60 mil toneladas para 210 mil em um ano, ao ocupar parte do espaço deixado pelos EUA. Ainda poderia abocanhar também parte das exportações da UE, estimadas em 40 mil toneladas.

Caso o Brasil consiga vender esse volume adicional de 150 mil toneladas, acrescentaria US$ 300 milhões de receitas à balança comercial.

Esse cenário começou a ser desenhado em Paris, há dois meses, quando o representante russo de defesa agropecuária, Dankert Sergey, disse ao ministro da Agricultura, Neri Geller, que a Rússia teria uma necessidade urgente de carnes e que daria um tratamento especial ao Brasil, como antecipou a coluna “Vaivém” no início de junho.

No caso da carne suína, os produtores poderão não responder imediatamente ao apetite russo porque demanda e produção estão ajustadas internamente.

Para a carne bovina, que tem a Rússia entre os principais importadores, a boa notícia é a abertura do mercado de miúdos. A necessidade russa poderá, aliás, provocar um aumento de preços, roubando o espaço de mercados que pagam menos, inclusive o consumidor brasileiro.

CONTEXTO

Na semana passada, a UE e os EUA anunciaram uma série de sanções a Moscou na área de finanças, tecnologia e defesa, como forma de pressão contra seu apoio aos separatistas do leste ucraniano.

A Rússia negocia o equivalente a R$ 6 bilhões anuais em frutas e vegetais de europeus. A importação de alimentos dos EUA é de R$ 3 bilhões.

A tensão na região começou no começo do ano, após a queda do então presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, aliado de Putin.

Fonte: Folha de São Paulo

Importação e Exportações Russas