Duas passageiras que estavam no carro tiveram ferimentos leves (Foto: PRF SC/Divulgação)Ficam em Santa Catarina três dos trechos mais perigosos da BR-101. A informação está no relatório Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais, divulgado nesta quarta-feira (23) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O trabalho foi feito com base nos dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A desatenção dos motoristas foi causa de 32% das mortes nas rodovias federais brasileiras. No estado, foram 537 mortos em 2014 nas rodovias fiscalizadas pela PRF.

O trecho mais perigoso da BR-101 fica no Espírito Santo. Já Santa Catarina tem o segundo trecho com mais acidentes com mortes da rodovia, em São José, na Grande Florianópolis(entre os quilômetros 200 e 210).

O estado também aparece na 8ª posição, com o trecho entre os quilômetros 210 e 220,  em Palhoça,  e na 20ª, com o trecho de Biguaçu, entre os quilômetros 190 e 200.

Em Santa Catarina, estão 3% das rodovias federais – mas o número de acidentes nessas estradas representa 10% do total registrado no país, no ano passado. O estado é o quarto com o maior número de acidentes com mortos no Brasil, atrás Minas Gerais, Bahia e Paraná.

Segundo o relatório, no trecho de São José, ocorreram 1,5 mil acidentes em 2014, nos quais morreram seis pessoas. Em Palhoça foram 822 acidentes, com nove mortes. Biguaçu registrou 311 acidentes, com cinco mortes.

Características da Grande Florianópolis
De acordo com o chefe de comunicação da Polícia Rodoviária Federal em Santa Catarina, Luiz Graziano, o fato de trechos da Grande Florianópolis aparecerem entre os mais perigosos da BR-101 aponta para uma peculiaridade da região.

“Nesta área  temos um número elevado de  veículos por habitante, além da presença de moradores nas margens das rodovias. Neste trecho, há um fluxo intenso em função de interesses variados, desde o trânsito urbano até o transporte de cargas, com uma movimentação intensa em função da vida noturna da região”, atesta o policial.

Desatenção e abusos
No estudo divulgado pelo Ipea, Santa Catarina aparece como o 2º estado com o maior número de acidentes, o 4º em número de mortos e o 3º em feridos. No Brasil, aproximadamente 8 mil pessoas perderam a vida em 2014 e cerca de 100 mil ficaram feridas em 169 mil acidentes nas rodovias federais.

Esses números refletem um aumento de 50,3% no número de acidentes no ano passado. O número de mortes também cresceu em relação ao ano anterior, o que representa um aumento de 34,5%. O número de feridos subiu 50%, de acordo com o estudo.

“Só na Grande Florianópolis, temos uma circulação de 170 mil veículos por dia. Tudo isso gera um grande estresse, que motiva abusos como excesso de velocidade, álcool e ultrapassagem em local proibido. O uso de celular ao volante é um problema de educação sério que pode ocasionar consequências fatais”, explica Graziano.

Problema nacional
Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo respondem pela maior parte dos acidentes ocorridos em rodovias federais no país. Segundo a análise do Ipea, a proporção de acidentes e mortes nesses estados é muito maior em relação ao tamanho da malha viária.

Conforme o estudo, nesta última década, ocorreram em média 463 acidentes por dia, com 301 veículos e 23 mortos, o que representa uma média de 1,78 veículos por ocorrência. A maior parte dos acidentes com morte foram em zonas rurais, com 67% dos casos.
Traumas e custos para os brasileiros
Além dos traumas a vítimas e famílias, os acidentes repercutiram diretamente no bolso dos brasileiros. Os cerca de 170 mil acidentes de trânsito nas rodovias federais em 2014 geraram um custo para a sociedade de R$ 12,3 bilhões. Cuidados com a saúde e perda de produção devido às lesões ou morte representaram 64,7% deste total, conforme o Ipea.

A análise do Ipea indicou que nas rodovias estaduais e municipais em 2014, o custo dos acidentes pode chegar a R$ 30,5 bilhões. A estimativa é de que a sociedade tenha arcado com R$ 40 bilhões por ano com os acidentes de trânsito em todas as rodovias brasileiras.

FONTE: G1/SC