Duas fontes meteorológicas internacionais colocaram o Estado como região recordista de chuva no período entre 9h da manhã de quarta-feira e 9h de quinta-feira.

Duas fontes meteorológicas internacionais colocaram o Rio Grande do Sul como região recordista de chuva no período entre 9h da manhã de quarta-feira e 9h de quinta-feira. Uma delas foi um serviço que compara a precipitação medida por estações convencionais oficiais. Outra é um satélite operado pela agência espacial norte-americana, a Nasa.

O ranking das estações

O serviço meteorológico espanhol Ogimet permite montar rankings com as 100 estações meteorológicas que tiveram condições extremas — temperatura mais alta, temperatura mais baixa e maior quantidade de chuva — em períodos de 24 horas. Segundo esse serviço, entre a quarta-feira e a quinta-feira Santa Maria foi o segundo lugar do mundo em que mais choveu, com um acumulado de 181 mm. Ficou atrás apenas de Hatia, em Bangladesh, com 269 mm. Também apareceram no ranking das 100 mais chuvosas Encruzilhada do Sul, Bom Jesus, Porto Alegre, Bagé, Torres e Uruguaiana.

Como se faz o ranking

Para entender o significado desse dado, é importante saber que cada país mantém um serviço meteorológico oficial que realiza medições de acordo com normas padronizadas. Três vezes por dia, no mesmo momento, registram dados coletados por suas estações convencionais. Os registros são encaminhados ao banco de dados da Organização Meteorológica Mundial. O que o Ogimet faz é oferecer uma ferramenta que agrega todas essas informações, permitindo a montagem de rankings que abarcam mais de 200 países e territórios.

A confiabilidade

O Ogimet é um serviço conhecido e respeitado pelos meteorologistas, mas o dado que ele fornece é uma amostra do que ocorre no mundo. Ele leva em conta apenas estações meteorológicas oficiais, do tipo convencional (as não-oficiais e as automáticas não são levadas em consideração). No caso da comparação que colocou Santa Maria no segundo lugar em chuva, foram comparados os números de 6.117 estações. Mas o dado da estação convencional de Santa Maria considerado no levantamento não foi sequer o maior da cidade. Estações automáticas santa-marienses registraram volume maior de chuva, segundo o meteorologista Gustavo Verardo, tendo alcançado até 245 mm entre quarta e quinta-feira.

A medição do satélite

Em parceria com o Japão, a Nasa colocou em órbita da Terra a Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM). O satélite estima as quantidades de chuva no globo, a partir de medições de gotículas nas nuvens e outros indicadores. No período entre a manhã de quarta e a manhã de quinta, uma área que cobria grande parte do Rio Grande do Sul era a que apresentava a maior quantidade de precipitação acumulada no mundo, segundo interpretação de imagens feita pelo serviço De Olho no Tempo Meteorologia.

A confiabilidade

O satélite não mede efetivamente quanto choveu. O que ele faz é uma estimativa. Por isso, o dado medido nas estações localizadas no solo é mais preciso.

A utilidade

Não existe um ranking oficial de chuva, ainda que seja possível montá-lo com base na comparação entre os dados de diferentes estações meteorológicos, como permite o Ogimet. Essa informação, no entanto, não tem uma aplicação clara. É considerada válida enquanto conhecimento extra ou curiosidade, de acordo com Solismar Prestes, coordenador do 8º Distrito de Meteorologia.

FONTES: meteorologista Gustavo Verardo; Solismar Prestes, coordenador do 8º Distrito de Meteorologia; De Olho no Tempo Meteorologia; Ogimet; ClickRBS