Uma substância que promete curar a câncer está gerando polêmica no Brasil e levando milhares de pacientes a buscar liminares na Justiça para garantir as cápsulas produzidas por um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo.

Em Concórdia, a informação é de que uma paciente teria iniciado os encaminhamentos para ter acesso ao medicamento que promete curar o câncer. Entretanto, conversando com o advogado que iria protocolar a ação judicial houve um agravamento do quadro clínico e a desistência dos familiares da paciente.

O medicamento foi estudado por pesquisadores por duas décadas e tem um custo de produção de 10 centavos por cápsula. Aos pacientes que ingressarem na justiça terão acesso gratuito ao medicamento que promete curar o câncer, porém ainda não foi autorizado pela Anvisa.

A fosfoetanolamina sintética, segundo os pesquisadores, imita uma substância presente no organismo e sinaliza as células cancerosas para a remoção pelo sistema imunológico. A USP já disse em comunicado que não tem condições de realizar a produção em larga escala e irá atender somente a demanda estabelecida no cumprimento de decisão judicial.

Pesquisador

O professor Gilberto Chierice – que acompanhou por 20 anos as pesquisas revela que a substância, também conhecida como fosfoamina, não chegou ao mercado por “má vontade” das autoridades. Ele disse que

procurou a Anvisa quatro vezes e foi informado que faltavam dados clínicos. “Essa é a alegação de todo mundo. Mas está cheio de remédios neste país que não têm dados clínicos”, desabafou.

Pediu então à agência um hospital público onde pudesse realizar novos testes – os pesquisadores afirmam que, nos anos 90, a substância foi testada em um hospital de Jaú -, mas contou que não obteve retorno.

A Anvisa nega que tenha sido procurada formalmente. O professor explicou que, com a ingestão das cápsulas, as células cancerosas são mortas e o tumor desaparece entre seis e oito meses de tratamento. “Mas é evidente que um caso é diferente do outro”, afirmou, reforçando que o período pode variar de acordo com cada sistema imunológico.

Supremo Tribunal Federal

Com o aumento da procura e a correria ao campus de São Carlos (SP), a Universidade de São Paulo (USP) resolveu enviar pelo correio a partir de agora a fosfoetanolamina sintética, substância que muitos pacientes acreditam ser capaz de combater o câncer. Com isso, os doentes beneficiados até agora por 742 liminares terão de aguardar a fórmula em casa. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica pretende apelar ao Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar a distribuição.

O Tribunal de Justiça de São Paulo havia suspendido as liminares favoráveis à retirada da substância, a pedido da USP, mas depois liberou a distribuição, pois um paciente derrubou o veto no Supremo. O Estado procurou o Ministério Público Estadual, que informou não ter nenhum processo sobre o caso.

FONTE: ATUAL FM