Edson Manieski, de 49 anos, foi um dos que socorreram mulher em trabalho de parto na madrugada (Foto: Larissa Vier/RBS TV)

Uma mulher em trabalho de parto precisou ser resgatada de barco, na madrugada desta segunda-feira (26), em Rio do Oeste, no Vale do Itajaí. Ela estava em um abrigo montado na cidade com outras famílias que tiveram as casas atingidas por alagamentos. Como abrigo também estava ilhado, foi preciso uma operação especial para levá-la até o hospital mais próximo.

A gestante chegou a receber no abrigo o atendimento de um médico, que constatou que o trabalho de parto estava avançado. A Defesa Civil local foi acionada, e o motorista Edson Manieski, de 49 anos,  que também atua como voluntário, foi designado para buscá-la de barco. Ele estava dormindo quando recebeu o chamado pelo rádio.

“Tinha médico e enfermeira junto. Foi meio nervoso, mas deu tudo certo. Tinha bombeiro aguardando do outro lado da cidade, está tudo ilhado.”

Ao chegar ao lado de seco, a mulher foi levada para o Hospital Regional de Rio do Sul. De acordo com a unidade de saúde, a mulher deu à luz um menino, de parto normal. Mãe e bebê passam bem. “Deu tudo certo no final. É uma alegria, fico emocionado”, disse o voluntário.

Região segue alagada
Apesar da aparente melhora no tempo, Rio do Oeste e Rio do Sul são dois dos municípios mais prejudicados pelas chuvas de outubro. Ruas e casas continuam alagadas.

Barcos levam mantimentos a vítimas da chuva em Rio do Oeste (Foto: Larissa Vier/RBS TV)

Em Rio do Oeste, a Rua Sete de Setembro, que atravessa a cidade, seguia tomada pela água nesta segunda (26), assim como as casas de mais de 800 pessoas, abrigadas em pavilhões da prefeitura e residências de parentes. Das 15 comunidades rurais, 13 estão ilhadas.

O Rio Itajaí do Oeste começa a baixar cerca de dois centímetros por hora, segundo a Defesa Civil. A medição das 7h de segunda-feira registrou 9,30m, uma melhoria na comparação com os 9,97 da manhã de domingo (25).

Abrigos com 900 pessoas
Na cidade de Rio do Sul, o Rio Itajaí-Açu também começa a baixar. Dos 10,71m registrados sexta-feira (23), passou para 8,61 na manhã desta segunda-feira. Ao todo, 20 mil moradores precisaram sair de casa, devido a alagamentos. Segundo a Defesa Civil, 900 pessoas estão alojadas nos 13 abrigos montados pela prefeitura.

As unidades básicas de saúde nos bairros precisaram ser fechadas, também foram tomadas pela água. No caso de uma emergência, o atendimento está sendo dado na Policlínica Regional ou no Hospital Regional do Alto Vale, localizados fora da área de inundação. A rede de ensino municipal e estadual está funcionando parcialmente.

Desde sábado, a prefeitura trabalha na limpeza e remoção de entulhos das ruas, praças e casas da cidade.

Prejuízos
Em Rio do Oeste, as aulas estão suspensas desde quinta-feira (22). Como as escolas estão alagadas, os professores dão ajuda nos abrigos, atendendo vítimas, auxiliando na cozinha e limpeza.

No principal abrigo da cidade, instalado na igreja católica, um ônibus com médicos e enfermeiros atende à população. O município não dispõe de hospital. No fim de semana, o único posto de saúde  da cidade atendeu em regime de plantão. Na tarde desta segunda-feira, uma creche voltará a funcionar.

Moradores perderam móveis, agricultores perderam plantações, o comércio e a indústria também tiveram prejuízos com a chuva na região. O levantamento dos gastos ainda está sendo elaborado pela Defesa Civil e a prefeitura.

Caminhonete dos bombeiros foi inundada pela enchente (Foto: Reprodução/ RBS TV)

Veículo inundado
O único acesso a Rio do Oeste, o município de Laurentino está alagado, como mostrou o Bom Dia Santa Catarina. A equipe da RBS TV embarcou na tarde de sábado (24) numa caminhonete do Corpo de Bombeiros para chegar até os moradores atingidos pela chuva, mas teve que abandonar a viatura, pois o veículo ficou inundado pela água.

Enchente histórica
“Só em 1983 e 1984, fora isso, nunca não tinha visto enchente com esse volume de água”, diz Luís Carlos Müller, secretário de saúde de Rio do Oeste.

Com 7 mil habitantes, o município tem 850 pessoas desabrigadas, 70% da cidade está submersa. Das 15 comunidades rurais, 13 estão ilhadas.

“Isso tudo vai influenciar na economia do município, porque é essencialmente agrícola. Consequentemente, a indústria parou e o comércio também. Sem dinheiro, não há como gastar”, preocupa-se Humberto Pessati, prefeito de Rio do Oeste.

FONTE: G1/SC