Norma do Ministério da Saúde não estaria sendo cumprida em Erechim

A Vigilância Sanitária do Rio Grande do Sul está realizando uma inspeção no banco de sangue de Erechim, que forneceu para transfusão uma bolsa infectada com o vírus do HIV. De acordo com denúncia encaminhada ao Ministério Público, o sangue foi utilizado em uma pessoa após realização de cirurgia no Hospital Santa Terezinha. O procedimento visa apurar possíveis falhas e avaliar como a coleta e seleção do sangue é realizada pelo banco.

O MP apurou que houve erro de uma funcionária da instituição. A infecção do sangue foi detectada nos testes, mas na hora de separar as bolsas, a funcionária acabou misturando os sangues rejeitados com os aprovados.

A promotora Karina Denicol ainda pediu a interdição do banco, o que foi negado pela Justiça, alegando que a instituição é a única que atende 32 cidades do Norte do Rio Grande do Sul.

O que diz Norma do Ministério da Saúde e supostamente, o que não estaria sendo cumprido em Erechim, nos hospitais e Banco de Sangue.

ROTINA DA COLETA DE SANGUE:

1. Recepção e registro

O doador é cadastrado no com base na apresentação de documento oficial de identificação com foto (carteira identidade, CPTS, Carteira Nacional de Habilitação, etc.).

2. Triagem clínica

Após o cadastro, o doador é orientado a se dirigir a um local onde são aferidos os sinais vitais, a Pré-triagem aonde são checados o pulso, pressão e temperatura, conferidos peso e altura e realizado teste de anemia (taxa de hemoglobina e hematócrito).

Com base nos resultados, o triagista avaliará, durante uma entrevista, se o candidato tem condições de efetuar a doação sem que ela lhe traga algum prejuízo ou problemas ao receptor.

Se o doador não tiver condições para doar, o triagista irá lhe explicar o motivo da inaptidão e se esta situação é temporária ou definitiva. Se o doador estiver apto para doar, assinará um termo de consentimento e será encaminhado para a sala de coleta, tomar um líquido para reforçar a hidratação.

3. Coleta do sangue

É realizada por profissionais de saúde treinados, e o material utilizado é de uso único, estéril e descartável. A cada doação, é coletada uma bolsa de sangue de aproximadamente 450 ml. Antes e ao final da doação, é obrigatória a oferta de uma hidratação adequada ao doador.

4. Fracionamento do sangue

Ao mesmo tempo, o sangue doado é testado no laboratório do Hemope, para identificar possíveis portadores de sífilis, doença de Chagas, hepatites B e C, Aids e HTLV I e II, além da classificação sanguínea e do fator Rh.

Fracionamento

O que acontece com o sangue doado

Logo após o término da doação, o sangue passa por um processo de centrifugação em equipamento especial; daí ocorre a separação dos hemocomponentes que serão utilizados em transfusão, conforme a necessidade dos pacientes

São eles:

Concentrado de hemácias (CHM) – Concentrado de plaquetas (CP) – Crioprecipitado (CRIO), PLASMA FRESCO CONGELADO, entre outros. O sangue é rotulado de forma a permitir sua rastreabilidade (possibilidade de identificar a origem do sangue doado, em caso de reações adversas no receptor), porém, preservando o sigilo do doador, conforme determina a legislação brasileira.

São realizados exames para tipificação do sangue e identificação de doenças transmissíveis. Somente após a liberação dos testes laboratoriais, os hemocomponentes, devidamente estocados, são distribuídos aos hospitais e clínicas conveniados.

Validade do sangue doado

Cada hemocomponente possui uma validade..

Concentrado de hemácias (CHM) – 35 a 42 dias (dependendo da solução de conservação).

Concentrado de plaquetas (CP) – cinco dias.

Plasma fresco congelado (PFC) – um ano.

Crioprecipitado (CRIO) – um ano

A partir do fracionamento do plasma sanguíneo por processos físico-químicos, é possível também preparar hemoderivados, geralmente produzidos em escala industrial. Através desse processo são obtidos concentrados de fatores de coagulação, albumina, globulinas.

A TRANSFUSÃO DO SANGUE PARA O PACIENTE !

Quando solicitado o hemocomponente ao Serviço de Hemoterapia este será entregue ao enfermeiro do serviço em que o paciente se encontra. O enfermeiro ao receber o hemocomponente deve observar o aspecto, integridade do sistema e conferir os dados contidos no cartão afixado na bolsa do hemocomponente.

No caso da devolução de bolsa que tiver sido violada não pode ser reintegrada ao estoque do Serviço de Hemoterapia. Para o enfermeiro instalar o hemocomponente é necessário que o médico tenha prescrito no prontuário do paciente, e que haja presença médica para supervisão.

Aqui em Erechim este procedimento não é respeitado, quem aplica o sangue nos pacientes são os funcionários do Banco de Sangue e não a Equipe de Enfermagem da Unidade onde o paciente está internado.

Talvez se esta Rotina fosse observada o paciente não teria sido infectado.

Fonte: AUOnline