Categoria retorna com 100% do efetivo, mas atendimento será restrito. Estado de greve permanece, atendimentos podem parar em 30 ou 60 dias.

Após mais de quatro meses de greve, os médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em Santa Catarina aderiram à decisão nacional da categoria de retomar o atendimento de casos de pacientes para a primeira perícia a partir da próxima segunda-feira (25). Durante a paralisação, mais de 2 milhões de perícias deixaram de ser feitas no país.

“A greve continua, vamos atender apenas as perícias iniciais, para quem precisar receber algum benefício, porque não tem como deixar a população sem atendimento, apesar de estarmos sem salários há três meses. Atenderemos durante 30 ou 60 dias em estado de greve, mas a paralisação pode retornar”, disse o delegado suplente da gerência do INSS de Florianópolis, Fernando Sandreschi Filho.

Volta com atendimento restrito
Na próxima segunda-feira, 100% dos peritos retornam ao trabalho, com atendimento restrito. “Nosso atendimento deixará de fora casos como fiscalização em locais de trabalho, aposentadorias especiais e outros. Esses 2 milhões de perícias represadas precisarão de uma solução do governo. Estamos abertos a negociação, mas ainda não fomos ouvidos”, disse Sandreschi Filho.

Os médicos reivindicam, entre outros benefícios, aumento salarial de 27,5%  e redução da jornada de trabalho de 40 para 30 horas semanais, incorporação da gratificação vinculada à fila de atendimento e concurso público. Reagendamento e orientações aos segurados podem ser feitos pela Central de Atendimento 135.

Segundo o governo, o tempo médio de espera para o agendamento da Perícia Médica, na média nacional, passou de 20 dias, antes do início das greves, para 80 dias.

Sem negociação
De acordo com a diretora nacional da entidade, Clarissa Bassin, o governo federal não sinalizou qualquer negociação. “Esse corte de salários ocorreu durante a vigência de uma liminar do STF que garantia nosso pagamento. Além disso, nunca fomos recebidos para negociar. Nenhuma categoria foi tratada assim pelo governo federal”, afirma.

Conforme a associação, nos últimos quatro meses, 30% do efetivo de peritos médicos fizeram atendimento. “Os médicos iam até a gerência, mas não havia uma agenda organizada. Recomendamos esta prática para não prejudicar a população, mas isso não aconteceu”, relata a diretora da ANMP.

Discordâncias
O Ministério do Planejamento declarou em nota ter recebido a ANMP diversas vezes para negociação. À categoria, foram oferecidas as mesmas condições e reajustes apresentadas às demais carreiras com acordos firmados em 2015.

“A intransigência da Associação e a dificuldade de se estabelecer um consenso que pudesse atender à pauta reivindicatória da categoria, respeitando os limites legais e orçamentários disponíveis, impossibilitou, até o momento, a regularização do atendimento pericial”, afirmou o ministério.

O principal ponto de discordância é a exigência de redução da jornada de trabalho, de 40 horas para 30 horas semanais, sem perda de remuneração. O governo já sinalizou com a possibilidade de estudar a implantação da jornada de trabalho de 30 horas, mas propõe que isso ocorra em um contexto de reestruturação da carreira.

De acordo com o Ministério do Planejamento, o INSS dispõe atualmente de 4.351 servidores peritos médicos, cujo salário inicial para uma jornada de 40 horas é de R$ 11.383,54, chegando a R$ 16.222,88.

FONTE: G1/SC