Essa é a segunda maior produção já registrada pelo pinheiro, que produziu 674 pinhas em 2015.

Quando Vânio Czerniak plantou, há 30 anos, algumas mudas de araucária em seu terreno, não imaginava que, além de muitos frutos, uma delas lhe proporcionaria também muitas histórias. “Em agosto de 1986 plantei cerca de 20 araucárias nesse terreno, com o tempo tive de ir tirando, pois comecei a construção da minha casa. Porém, uma delas sempre se destacou e com apenas oito anos de vida já produziu suas primeiras pinhas”, lembra ele, explicando que, geralmente, um pinheiro inicia sua produção apenas com 15 anos ou mais.

De 1994 até hoje, já foram vinte e duas safras do pinheiro, que esbanja produtividade. A primeira delas, que chamou a atenção não apenas de Vânio, mas de estudiosos da área, ocorreu em 2005, quando o pinheiro produziu 155 pinhas.

Normalmente, a produção normal de uma araucária é de 30 pinhas por ano. Em 2008, o pinheiro carregou 374 pinhas e foi pauta de uma reportagem exibida pelo programa Globo Rural para mais de 150 países.

Em 2009, a araucária registrou 398 pinhas e quando Vânio imaginou que esse seria o recorde da árvore, no ano passado, 674 pinhas foram contadas pelo proprietário. “Ele sempre foi muito produtivo, mas de uns dez anos pra cá que foi esse exagero. Quando a Epagri iniciou os estudos e quis saber a origem do pinheiro, eu falei com o amigo que me vendeu os pinhões na época, e ele sabia que era de um pinheiro que chamavam de campeão, porém já não existe mais”.

A característica genética que faz com que o pinheiro produza mais pinhas que o normal é objeto de pesquisa na Universidade Federal do Paraná.

De acordo com Vânio, desde 2008 os pinhões não são mais utilizados para consumo, apenas para plantio. “Eu já recebi pedidos de todo o Brasil, sei que algumas mudas foram plantadas até no Amazonas”, comenta.

Todos os anos, uma parte da produção é destinada à pesquisa, enquanto que o restante é enviado para diversos municípios Brasil a fora para o plantio da árvore.

No ano em que completa 30 anos de vida, a araucária a caçadorense registra a sua segunda maior produção, são 539 pinhas.

Conforme explica Vânio, uma das características da produção de araucária é a oscilação todos os anos. Apesar disso, a araucária de Vânio nunca baixou de 200 pinhas por ano. De acordo com o proprietário, já é possível saber que em 2017, a araucária também produzirá um número menor em comparação com 2015, justamente por essa oscilação natural.

Vânio considera muito difícil que o pinheiro consiga bater seu próprio recorde e registrar mais do que 674 pinhas. “Acho difícil bater essa marca, porém eu também achava isso em 2008, quando registramos 374 pinhas e sete anos depois esse número quase dobrou”, brinca.

Para fazer a contagem das pinhas, Vânio compara o pinheiro a um prédio. “O pinheiro é como um prédio com seus andares, cada galho é um apartamento e as pinhas são os habitantes. Dividindo a contagem por andar e por galho, eu consigo ter o histórico de cada galho anualmente”, explica.

Para o caçadorense, ter a araucária mais produtiva do mundo em seu terreno é motivo de orgulho e emoção. “Ela faz parte da rotina diária da família, pois sempre estamos atendendo pessoas sobre esse assunto. Desde criança eu planto pinheiro, mas plantava no terreno dos outros, esse é o primeiro terreno que eu tive e o primeiro pinheiro que eu plantei em um terreno meu, e eu tive essa sorte”.

Destaque

Neste ano, a araucária localizada no quintal da casa de Vânio, no bairro dos Municípios, produziu 539 pinhas, sendo a segundo maior produção perdendo apenas para o ano passado que registrou 674 pinhas. O pinheiro é o mais produtivo do mundo, e já era famoso quando produzia 155 pinhas em 2005.

A araucária caçadorense completa agora 30 anos, sendo 22 de safra. Além da grande produção, foi destaque por ser uma das araucárias mais novas a produzir aos oito anos de idade – o normal é entre dez e 15 anos. Além disso, as pinhas geram poucas sementes com falhas, e o número de pinhões graúdos é o dobro de outras araucárias.

A árvore tem uma história. Vânio conta que plantou sementes no terreno de casa após compra-las de um colega de trabalho, Bento Ferreira, que as pegou de uma araucária da linha Adolfo Konder, em 1986. Hoje, ele vende as sementes para pessoas do Brasil inteiro, e faz doação para pesquisas e projetos sociais que incentivem a preservação do meio ambiente.

Divulgação em Paris

De acordo com Vânio, as histórias que a araucária já proporcionou em sua vida são tantas que um dia inteiro não seria suficiente para contar. Mas, a última delas, Vânio faz questão de compartilhar. Ele foi convidado pela Associação Sol do Sul para participar de uma exposição no 4° Festival do Rio Grande do Sul em Paris, na França, em setembro desse ano.

Vânio já confirmou presença e irá viajar à Paris na companhia de sua esposa Nilva. Durante a abertura na capital francesa, ele apresentará um vídeo que retrata a araucária caçadorense durante toda a sua trajetória: desde a primeira produção até as melhores safras. Após a apresentação, o material será exposto nos demais dias do evento.

A associação, que tem como objetivo divulgar a cultura, o turismo e oportunizar novas aberturas comerciais do Sul do Brasil na França e na Europa, fez o convite ao caçadorense que irá expor vídeos e fotos da araucária na embaixada do Brasil na França. “Um dos temas da exposição é sobre a cultura e produção do pinhão, e dessa forma eu tive a honra de ser convidado a participar expondo a araucária mais produtiva do mundo”, comenta.

O convite também se estende ao município de Caçador e ao estado de Santa Catarina. O evento será realizado entre os dias 22 a 25 de setembro.  “Esse pinheiro tem rendido boas histórias, quando eu penso que ele já me trouxe muita coisa, sempre surge uma novidade”, afirma.

Fonte: Jornal Extra SC