Coreia do Sul decide comprar carne suína de Santa Catarina Thiago Santaella/Divulgação

Governador Raimundo Colombo (ao centro) integra a comitiva catarinense na Coreia do Sul

A decisão de a Coreia do Sul de comprar carne suína catarinense já está tomada, de acordo com a Agência de Quarentena Animal e Vegetal (QIA) e o Ministério da Agricultura coreano, restando apenas algumas etapas finais até os primeiros embarques do produto. A informação foi confirmada nas reuniões de trabalho no país, nesta segunda-feira, à comitiva de Santa Catarina que busca a liberação das exportações na missão para a Ásia.

— Fico muito feliz de termos chegado nessa etapa. Espero que possamos chegar a um consenso e estreitar ainda mais a nossa relação — disse Bong-kyun Park, comissário da QIA, a principal autoridade do órgão de controle de sanidade animal coreano, destacando que o processo de importação está na fase seis de oito etapas.

A comitiva catarinense, que conta com a presença do governador Raimundo Colombo, do presidente da Assembleia, deputado Gelson Merisio, do secretário da Agricultura, Moacir Sopelsa, entre outros, destacou a necessidade de uma análise ágil nessas últimas barreiras que ainda impedem a venda por parte das empresas catarinenses. O embaixador do Brasil na Coreia do Sul, Luís Fernando Serra, também ajudou nas negociações.

— Temos barreiras com agentes de segurança, técnicos e veterinários 24h por dia. E a última ocorrência de doenças como febre aftosa e peste suína foram em 1993 e 1990, há mais de 20 anos — defendeu o governador Raimundo Colombo na reunião na QIA, realizada na manhã de segunda-feira.

Na fase seis do processo de análise coreano, ocorre a negociação das condições sanitárias entre os ministérios da agricultura do Brasil e da Coreia do Sul. Santa Catarina já tem autorização para exportar para a União Europeia, o Japão e os Estados Unidos, mas é normal que cada país tenha exigências específicas.A Coreia do Sul é o quinto maior consumidor de carne de porco. E Santa Catarina, além de ser o maior exportador de proteína suína do país, tem uma outra característica de destaque nesse produto.

— São mais de 90 mil famílias que somam toda a produção, em pequenas propriedades, e que seriam muito beneficiadas com a abertura desse novo mercado — destacou o presidente da Assembleia, deputado Gelson Merisio.

Atualmente o Estado tem um rebanho de quase 7 milhões de suínos, em 9.847 fazendas de suinocultura. A região Oeste concentra a maior parte da produção, 72% do total. Isso faz com que Santa Catarina, com apenas cerca de 1% do território nacional, concentre 35% das exportações de carne suína.

— A parte mais difícil e mais demorada, que é a decisão de importar, já foi vencida. Agora restam apenas os trâmites burocráticos — explicou Yeong-chang Ahn, veterinário pesquisador da divisão de análise de risco de importações da QIA.

 

 

Decisão da Coreia do Sul de comprar suínos de SC foi confirmada nas reuniões de trabalho nesta segunda-feiraFoto: Thiago Santaella

Santa Catarina tratada como um país

É a primeira vez que a Coreia inicia um processo de importação de carne suína de uma região, ao invés do usual, que é o acordo com outro país como um todo. Por ser livre de febre aftosa sem vacinação e livre de peste suína, Santa Catarina conseguiu esse ineditismo de ser tratada como uma unidade autônoma pelo país asiático. Em uma situação semelhante a quando negociou a liberação do mercado japonês.

— Espero que as negociações fluam bem para termos o mais rápido possível a carne catarinense nas prateleiras dos nossos mercados — disse o diretor-geral do escritório de cooperação internacional do Ministério da Agricultura coreano, Duk-ho Kim.

Em 2011, o comércio bilateral do Brasil e da Coreia do Sul somava cerca de US$ 15 bilhões. Atualmente, as exportações coreanas para nosso país caíram pela metade, de dez para cerca de US$ 5 bilhões, enquanto a exportação de produtos brasileiros para o asiático caíram o mesmo percentual, saindo de cinco para os atuais US$ 2,5 bilhões.

— A carne suína catarinense é o caminho para voltamos a aumentar a parceria comercial do Brasil e da Coreia, retomando os níveis do auge das relações ou até ultrapassando aqueles valores — disse o embaixador Luís Fernando Serra.

Fonte: CLIC/RBS